1. INTRODUÇÃO
Com uma forte divulgação na mídia, um dos movimentos que mais cresce atualmente no Brasil, é o neopentecostal, crescimento esse que tem se tornado motivo de questionamentos e especulações pelos mais diversificados ramos da pesquisa científica, pois tanto sociólogos como teólogos tem estudado e avaliado suas influências e modismos passados e impostos a comunidade evangélica do século XXI.
Apesar desse crescimento ser um fator indiscutivelmente notório, não nos impede de questioná-lo e avaliarmos suas doutrinas a luz da Bíblia Sagrada. Não podemos ser levados pelo pragmatismo religioso que se algo deu certo então é de Deus, é bom e verdadeiro. As escrituras sagradas deve ser a nossa única base de julgamento, não o fator numerológico, ou seja, o crescimento numérico.
Ainda que uma doutrina faça chover milagres todos os dias, se não estiver respaldada nas escrituras sagradas, dever ser rejeitado é anátema. Martinho Lutero
2. ORIGEM DO MOVIMENTO NEOPENTECOSTAL
2.1 Definição
Para o teólogo luterano Ricahrd A. Jensen, o prefixo neo, que significa novo, é empregado para indicar que o que está sendo descrito não é a igreja pentecostal, mas cristãos em igrejas protestantes e católicas que evidenciadas pelos pentecostais.
2.2 Origem
O movimento neopentecostal atual teve origem 60 anos após o surgimento do pentecostalismo clássico. O pastor Paulo Romeiro em seu livro decepcionados com a graça, afirma que o neopentecostalismo tem suas raízes no movimento pentecostal surgido no EUA no início do século XX.
No entanto é preciso deixar bem claro que existe uma diferença grandiosa entre pentecostais e neopentecostais. O primeiro surgido nos EUA no inicio do século XX, é conhecido como o pentecostalismo clássico com ênfase na atualidade do falar em línguas e na atualidade dos dons espirituais carismáticos; O segundo possui algumas similaridades com os pentecostais, mas sua teologia é centrada em doutrinas como; confissão positiva, prosperidade, batalha espiritual e maldição hereditária.
2.3 No Brasil
Romeiro em seu livro decepcionados com a graça, p14, afirma que o movimento neopentecostal no Brasil surgiu a partir da década de 1970, com destaque para a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a Igreja Apostólica Renascer em Cristo e a Igreja Internacional da Graça de Deus, entre outros grupos. “E mais recentemente a Igreja mundial do poder de Deus, que tendo apenas 13 anos de fundação e já ultrapassa o número de 3 mil templo espalhados no Brasil e no mundo.”(Grifo nosso)
3. DOUTRINAS ENFATIZADAS PELO MOVIMENTO NEOPENTECOSTAL
Como já mencionamos anteriormente a teologia do movimento neopentecostal está centrada principalmente em quatro pilares: Doutrina da confissão positiva, teologia da prosperidade, batalha espiritual e maldição hereditária.
Para o Doutor (Phd) em ciência da religião Paulo Romeiro, A mola propulsora do neopentecostalismo é sua mensagem triunfalista, baseada na teologia da saúde e da prosperidade, surgida na primeira metade do século XX, nos Estados Unidos. De acordo com essa doutrina, o cristão não deve ser atingido pelas vicissitudes da vida, assunto atraente nos dias de hoje. Muito longe da exaltação da indigência, cara a uma certa tradição católica, sua retórica consiste em proclamar que a pobreza não faz parte dos propósitos divinos. Pelo contrário: tendo criado o ser humano a sua imagem, Deus deseja distribuir riqueza, saúde e felicidade àqueles que têm fé e a exprimem intensamente.
3.1 Confissão positiva
Para Stanley M. Burgess e Gary b. McGee, o termo confissão positiva refere-se a trazer à existência aquilo que declaramos com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão.
A importância da fé é indubitável, ela é fundamental na vida do crente, no entanto precisamos observar a soberania de Deus, não é porque pronunciamos palavras positivas que isso se tornará realidade. A vontade de Deus é soberana.
Romeiro afirma que apesar do verdadeiro pai da confissão positiva ser o Essek William kenyon, muitos consideram Kenneth Hagin, o pai desse ensino. No entanto podemos afirmar categoricamente que o principal porta voz dessa doutrina herética é o tele evangelista norte americano Kenneth Hagin, entre outro conhecido na América.
No Brasil os principais divulgadores da confissão positiva são: R.RSoares responsável pela publicação da maioria do livros de Kenneth Hagin no Brasil, Valnice Milhomens, Miguel Ângelo da Silva Ferreira e também o engenheiro civil Apostolo Jorge Tadeu, hoje pastor e líder das igrejas maná em Portugal. Esses através da mídia e livros publicados a muitos têm influenciado no Brasil.
Romeiro mostra que em muitos círculos, mesmo em reuniões de oração, evita-se pedir oração por alguém que está enfermo, pois não se pode confessar ou admitir qualquer coisa negativa. Eles Reforçam seu argumento citando (provérbios 18.21), “A morte e ávida estão poder da língua”. Só que a Bíblia não pode ser interpretada ao nosso favor, ela já mais pode contradizer-se.
São inúmeros os casos de pessoas que expressaram suas angústias e dificuldades, sem com isto tornar em realidade o mal que confessaram. Veja o exemplo de Jacó (Gn 42.36), quando seus filhos voltaram do Egito, após comprarem comida. Outro caso é o de Davi quando fugia de Saul (1Sm 27.1-2), etc.
3.2 Teologia da prosperidade
De acordo com os pesquisadores George A. Mather e Larry A. Nichols, autores do Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo A teologia da prosperidade também é conhecida como confissão positiva, teologia da saúde e da prosperidade. Segundo os mesmos autores ela se constitui em uma corrente teológica que prega que qualquer sofrimento do cristão, seja de ordem financeira, moral,ou no campo da saúde, indica falta de fé. Outro ponto de destaque é que Deus, uma vez tendo prometido bênçãos e heranças aos que fizessem sua profissão de fé em Jesus Cristo, estaria obrigado a conceder cada benção prometida aos que reivindicasse seu direito legal às bênçãos, sobretudo as da saúde da prosperidade. Jesus, de acordo com essa corrente, nunca foi pobre; ao contrário era muito rico
Os pregadores desta teologia justificam seus argumentos afirmando que a túnica que Jesus usava foi motivo de disputa entre os soldados romanos, e que o jumento que Jesus usava era o principal meio de transporte daquela época. A principal dedução dessa corrente teológica; é se o cristão é “co-herdeiro com Cristo”, como afirma o apóstolo Paulo aos Romanos ( Rm 8.17), tudo que pertence a Cristo necessariamente deve pertencer ao cristão que sabe reivindicar junto ao trono de Deus. Para alguns pensadores da teologia da prosperidade, significaria tornar-se um semi deus ou uma espécie de deus.
4. AVALIANDO A PROSPERIDADE A LUZ DA BÍBLIA
Evidentemente não negamos que Deus em sua soberania pode fazer um servo seu prosperar financeiramente na terra, mas o que discordamos dos ensinadores da teologia da prosperidade, é que para ele a pobreza parece ser sinônimo de maldição. Sendo que a palavra de Deus jamais tratou os pobres de forma desdenhosa e pejorativa.
Vejamos:
Sempre haverá pobres na terra. Portanto, eu lhe ordeno que abra o coração para o seu irmão israelita, tanto para o pobre como para o necessitado de sua terra. (Deuterônomio 15.11)
Jesus que é conhecedor de todas as coias ratificou a passagem do pentateuco e afirmou:
Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes. (Marco 14.7)
O proprio Jesus que é acusado pelos teólogos da prosperidade de ser rico, quando seus pais foram ao templo apresentá-lo, levaram ao sacerdote oferta de pobre. Ele também afirmou que o filho do homem não tinha onde reclinar a cabeça (Lc 9.58).
Kenneth Hagin, o grande pregador da prosperidade afirma que Jesus só não andou de Cadilac naquela época porque não existia, pois o jumento era o Cadillac de Jesus o melhor transporte da época. Hagin só esqueceu de uma coisa, a carruagem era o Cadillac da época e não o Jumento. Além do mais o jumento era emprestado. Esse fato não serve jamais para sustentar a tese de que Jesus viveu na riqueza.
Jesus afirmou:
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6.33)
Nos mostrando que jamais devemos estar ansiosos pelas coisas terrenas, mas buscar primeiro o reino celestial.
5. CONCLUSÃO
Mesmo que resumidamente, o meu desejo é que você seja abençoado e entenda um pouco mais sobre o movimento neopentecostal, que aos poucos vais seduzindo a muitos, que Deus guarde a nossa Fé em cristo e no evangelho genuíno.
Soli Deo Gloria!
6. REFERÊNCIA
- SCHULER, Arnaldo. Dicionário enciclopédico de teologia. Editora da ULBRA 2002.
- MATHER, George. NICHOLS, Larry. Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. São Paulo – SP. Ed Vida, 2000.
- OLIVEIRA, Raydfran. Apostila de Estudos Pessoais e Artigos publicados Face Book. São Luís-MA, 2011.
- 4. ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a Graça. São Paulo – SP, Ed. Mundo Cristão, 2005.
- ROMEIRO, Paulo. Super Crentes. O evangelho segundo Kenneth Hagin e Valnice Milhomens e os profetas da properidade. São Paulo – SP, 2 Ed Mundo Cristão, 2007.
- SHEDD, Russel. Bíblia Shedd. São Paulo, Ed. Vida Nova.
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