Por Raydfran Leite de Oliveira
De acordo com a Bíblia, a Igreja do Senhor Jesus possui fundamentos sólidos que devem ser preservados. Quando lemos as Escrituras, observamos claramente na igreja do primeiro século o paradigma estabelecido por Deus para Sua Igreja, o escritor Lucas relata: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2.42 – ARA). Nesse único versículo encontramos os fundamentos basilares da Igreja do Senhor: doutrina, comunhão, partir do pão e oração. O teólogo e pastor Charles Swindoll, em seu livro “A igreja desviada”, afirma que é possível haver mais elementos, mas não menos que isso. Swindoll, ainda afirma que é exatamente nessas quatro áreas que o inimigo atacará, para tentar destruir a Igreja.
Hoje, não precisamos andar muito para encontramos igrejas que têm apresentado um crescimento numérico, surpreendente e fenomenal, porém, se repararmos atentamente, logo veremos o vertiginoso distanciamento de tais igrejas do escrutínio da inerrante e infalível Palavra de Deus. Sem medir as consequências, muitos, no afã de fazerem suas congregações crescerem, atropelam os fundamentos bíblicos estabelecidos para a igreja. Precisamos estar atentos para não nos distrairmos com métodos e projetos que podem ser usados sem tirar o foco da Palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática. Lembremos que nosso arqui-inimigo anda a espreita procurando uma brecha para nos atacar (1 Pedro 5.8).
A igreja primitiva era formidável, com um crescimento constante e equilibrado; jamais perdeu o foco das sagradas letras. Em Atos 2.42, o texto sagrado mostra-nos que os crentes da igreja primitiva também eram caracterizados pela palavra “perseverança”, eles perseveravam nos fundamentos já aqui mencionados: doutrina, comunhão, partir do pão e oração. O termo grego original para “perseverança” é proskartereo, significa, ser constantemente diligente, comparecer assiduamente a todos os exercícios, acompanhar de perto, continuar, permanecer. A igreja primitiva era constante e persistia em cumprir a risca os fundamentos. Como consequência o texto de Atos 2.47b (ARA), afirma: “Enquanto isso acrescentava o Senhor, dia a dia, os que iam sendo Salvos.” Veja que o crescimento era algo natural e resultante da perseverança nos fundamentos. Em pouco tempo a igreja deu um salto numérico de cerca de 120 para cerca de 3 mil membros, não havia ali nenhum planejamento de marketing ou qualquer método mirabolante que atropela os parâmetros da Bíblia. A igreja como organismo vivo alicerçada nos fundamentos bíblicos deve crescer naturalmente.
Não existe igreja sem os fundamentos essenciais revelados em Atos 2.42. Jamais podemos desprezá-los; esse versículo é uma prescrição clássica para todas as igrejas colocarem em prática. A começar pela doutrina, no grego didachê, significa instrução, ato de ensinar, instruir, tutorear. Doutrina é muito mais do que contar histórias, a doutrina era o ensino dos apóstolos, que indubitavelmente era calcado nas Escrituras; inclui a pregação, mas vai além, é o ensino sistemático de toda a Bíblia e não apenas de partes dela. O apóstolo Paulo, quando esteve na cidade de Mileto (Atos 20.17), mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso e ao encontrá-los fez questão de enfatizar que jamais deixou de anunciar todo o conselho de Deus (Atos 20.27). Lembremos também que o apóstolo dos gentios ao escrever ao jovem Timóteo, demonstra o valor imensurável da doutrina, apresentando-a como questão sine qua non para a salvação do líder que ensina, bem como de seus ouvintes, se não vejamos: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Timóteo 4.16 – ARA).
Outro elemento essencial para a subsistência da Igreja na terra é a “comunhão”. O termo no original é koinonia, significa parceria, participação, intercâmbio. Refere-se ao ato de participar, compartilhar, por causa de um interesse em comum. É mais do que simples encontros para cafés, almoços, etc. Koinonia é estar juntos compartilhando ideias, alegrias e sofrimentos. A estabilidade e edificação da Igreja também ocorrem por meio da comunhão.
Não podemos aqui deixar de falar do “partir do pão”, o verbo “partir” no original bíblico do novo testamento é Klasis, isto é, fratura ou quebra, esta palavra é usada em particular com referência ao pão, na Ceia do Senhor (Lucas 24.35; Atos 2.42). O partir do pão está estreitamente relacionado à koinonia, refere-se a nossa vida de comunhão com Deus e com o próximo. Após o Pentecostes, a igreja evidenciava as duas ordenanças do Mestre Jesus, o batismo em águas (At 2.38,41) e a ceia do Senhor.
O último elemento que a igreja primitiva perseverava ardorosamente é a “oração” (Atos 2.42). Os crentes passavam horas em adoração a Deus por meio da oração, clamavam a Deus confessando seus pecados e pedindo perdão, oravam uns pelos outros, em cada alma havia temor. Estavam todos os dias no templo e agradeciam a Deus pelas bênçãos recebidas. Realmente eles colocavam em prática o que Jesus ensinou na oração do pai nosso, louvado seja Deus. Concluo afirmando que os elementos explicitados aqui, são fundamentais para a Igreja do Senhor e sem eles a Igreja jamais poderá subsistir aos ataques infernais. Que possamos urgentemente seguir o exemplo da igreja primitiva e com certeza teremos vitória, crescendo equilibradamente de acordo com os ditames bíblicos.
Soli Deo Glória!
Bibliografia
- Bíblia de Estudo Palavras-Chaves Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
- BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo: Ed. Vida, 1999.
- LOPES, Augusto Nicodemos. O que estão fazendo com a igreja: Ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
- HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Editora Vida, 2001. O Novo Comentário da Bíblia / editado por F. Davidson; editado em português pelo Dr. Russell P. Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1997.
- RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
- SACCONI, Luiz Antonio. Minidicionário Sacconi da língua portuguesa. São Paulo: Escala Educacional, 2007.
- SWINDOLL, Charles R. A igreja desviada: Um chamado urgente para uma nova reforma. São Paulo: Mundo Cristão, 2012.
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